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Fisiologia do exercício

EMOM VS FORTIME: Respostas Fisiológicas e Perceptivas.

1. Objetivo do Estudo

O objetivo principal do estudo foi comparar as respostas fisiológicas e perceptuais de dois tipos no fitness funcional.

  • EMOM (Every Minute on the Minute): formato intervalado, onde os participantes completam um número definido de repetições a cada minuto e descansam pelo tempo restante.
  • RFT (Rounds For Time): os participantes completam uma série de exercícios o mais rápido possível, sem descansos programados.

A pesquisa investigou a resposta do consumo de oxigênio (VO2), frequência cardíaca (HR), consumo de oxigênio pós-exercício (EPOC), lactato sanguíneo (BLA), creatina quinase (CK) e a percepção de esforço (RPE) durante os dois protocolos.


2. Metodologia

Desenho do Estudo:

  • Participantes: 12 indivíduos treinados (6 homens e 6 mulheres) com experiência prévia em HIFT.
  • Protocolo de Exercícios: Ambos os grupos realizaram os dois tipos de HIFT em ordem cruzada, com um intervalo mínimo de 7 dias entre as sessões.
  • Sessões de Treino:
    • EMOM: 20 minutos de trabalho. A cada minuto, os participantes executavam 4 power cleans (1º minuto), 8 pull-ups (2º minuto), 6 thrusters (3º minuto) e 10 burpees (4º minuto), com descanso no tempo restante do minuto totalizando 5 rounds de cada exercício durante os 20 minutos.
    • RFT: os participantes realizaram as mesmas 5 séries de exercícios o mais rápido possível, sem descanso programado.
  • Variáveis Medidas:
    • VO2 e HR foram monitorados durante o exercício.
    • RPE foi medida após cada série.
    • BLA e CK foram avaliados antes e após o exercício.
    • O EPOC foi calculado durante o período de recuperação pós-exercício.

3. Resultados Principais

  1. Tempo de Execução
    • O tempo médio para concluir o RFT foi significativamente menor do que o tempo de execução do EMOM.
    • RFT: 12 ± 3 minutos.
    • EMOM: 20 minutos (fixo).
  2. Consumo de Oxigênio (VO2)
    • VO2 médio foi maior no RFT (38,1 mL/kg/min) do que no EMOM (30,8 mL/kg/min), indicando maior demanda cardiorrespiratória no RFT.
    • VO2 pico também foi maior no RFT (48,3 mL/kg/min) em comparação ao EMOM (44,4 mL/kg/min).
  3. Frequência Cardíaca (HR)
    • HR médio foi significativamente maior no RFT (171 bpm) do que no EMOM (153 bpm).
    • HR pico foi maior no RFT (182 bpm) em comparação ao EMOM (173 bpm).
  4. Excesso de Consumo de Oxigênio Pós-Exercício (EPOC)
    • O EPOC foi maior no RFT (5,0 mL/kg/min) em comparação ao EMOM (3,5 mL/kg/min), o que sugere maior esforço metabólico no RFT.
    • O aumento no EPOC pode estar associado ao maior estresse fisiológico do RFT.
  5. Lactato Sanguíneo (BLA)
    • Ambos os treinos aumentaram o BLA do pré para o pós-exercício.
    • No entanto, o RFT apresentou concentrações de lactato mais elevadas (11,2 mmol/L) em comparação ao EMOM (6,5 mmol/L), indicando maior contribuição anaeróbia no RFT.
  6. Creatina Quinase (CK)
    • A CK, um marcador de dano muscular, aumentou significativamente do pré- para o pós-exercício em ambos os protocolos.
    • Não houve diferença significativa nos níveis de CK entre o RFT e o EMOM.
  7. Percepção de Esforço (RPE)
    • A RPE média foi significativamente maior no RFT (7/10) em comparação ao EMOM (4/10), demonstrando que os participantes sentiram o RFT como um esforço mais intenso.
    • A RPE pico também foi maior no RFT (9/10) do que no EMOM (5/10).

4. Conclusões

  1. Diferença entre os Protocolos
    • O RFT induziu maior estresse fisiológico e perceptual em relação ao EMOM, com maior consumo de oxigênio, frequência cardíaca, lactato sanguíneo e EPOC.
    • O EMOM apresentou menor percepção de esforço, maior controle técnico e pode ser mais adequado para iniciantes ou para treinos que visam técnica e recuperação.
  2. Implicações Práticas
    • RFT é mais adequado para treinos que buscam melhora do condicionamento cardiovascular e metabólico, além de ter um tempo total menor de execução.
    • EMOM é mais controlado e pode ser mais eficiente para o aprendizado técnico de movimentos complexos.
    • Ambos os protocolos atendem às diretrizes de atividade física para adultos americanos.
  3. Aplicações no Treinamento
    • Profissionais de Educação Física podem utilizar o RFT para atletas mais avançados que desejam alta intensidade e maior estresse fisiológico.
    • O EMOM é mais adequado para iniciantes e para treinamentos focados em técnica, especialmente quando há interesse em controlar o volume de trabalho e a recuperação.

Referência

Smith et al. The physiological responses to volume-matched high-intensity functional training protocols with varied time domains. Front. Physiol. 2025

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