Treinamento Concorrente: O Início.
No contexto esportivo, o treino concorrente refere-se à prática de realizar diferentes tipos de treinamento simultaneamente. Por exemplo, um atleta pode realizar o treinamento cardiovascular (como corrida, bike, remo etc.) e o treinamento de força (como o weightlifting e o powerfliting) no mesmo dia de treino ou mesmo em dias separados. O debate em torno do treinamento concorrente centra-se em seu potencial de interferir nas adaptações específicas de cada modalidade.
Assim, o efeito de interferência pode ser desdobrado em dois componentes principais: o efeito de interferência aguda, no qual a fadiga remanescente da primeira sessão impacta negativamente o desempenho subsequente na segunda sessão, e o efeito crônico, no qual a adaptação ao treinamento cardiovascular ou de força é modificada pela participação na outra forma de treinamento.
Em 1980 o pesquisador Hickson foi o pioneiro sobre o tema através de sua publicação seminal sobre treinamento concorrente, comparando os efeitos do treinamento de endurance e do treinamento de força isolados com os do treinamento concorrente na capacidade aeróbica e na força dos membros inferiores em humanos.
Os voluntários foram destreinados e realizaram 5 sessões de treinamento por semana durante 10 semanas. O intervalo entre os treinos concorrentes foram de aproximadamente 2h.
Os resultados reportados pelo autor foi de que a taxa de aumento da força pelo grupo concorrente foi semelhante à do grupo do treinamento de força isolado durante as primeiras 7 semanas de treinamento, mas posteriormente se estabilizou e diminuiu durante a 9ª e 10ª semanas. Estas descobertas demonstraram que treinar simultaneamente a força e o endurance resultará em uma capacidade reduzida de desenvolver a força muscular, mas que não afetou a magnitude do aumento no VO2 máximo.
Apesar de os resultados iniciais divulgados indicarem efeitos negativos nos ganhos de força durante o treinamento concorrente, diversas variáveis podem influenciar de forma positiva ou negativa nas adaptações em comparação com o treinamento isolado. Detalharemos aspectos como a duração do intervalo, a ordem de execução, a intensidade do treinamento e várias outras variáveis em futuras postagens neste blog.
Referências
Coffey, V.G. and Hawley, J.A. (2017), Concurrent exercise training: do opposites distract?. J Physiol, 595: 2883-2896.
Hickson RC. Interference of strength development by simultaneously training for strength and
endurance. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1980;45(2–3):255–63
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